[atualizado jun/20] Vou começar a escrever sobre a minha viagem para o Japão. Foi uma experiência intensa e de grande aprendizado. A viagem dos meus sonhos! Sempre havia sonhado em conhecer o Japão, sua cultura milenar e sua modernidade.
Vou dividir com vocês algumas impressões sobre os japoneses e sentimentos dessa viagem para o Japão.
Vem comigo!
Veja também:
A época escolhida para a viagem para o Japão
Eu tinha o sonho de ver a sakura, o florescer das cerejeiras no Japão. Eu planejei a viagem justamente para a época, pesquisando o período do ano ideal.
Chegar a Tóquio e ver a cidade com suas árvores rosadas foi de-ma-is!!! Emocionante.
Sim, a magia da sakura existe.
Beleza
Ah.. que lindo país.
Uma encantadora beleza natural. Inesquecível os cervos andando livremente em Nara (muitas fotos com bambis!), admirar o Monte Fuji ou a Floresta de Bambu de Kyoto.
Também há beleza no concreto de Tóquio e nas suas luzes de noite. Uma combinação de neon e modernidade.
Beleza em relembrar e honra o passado, ainda que muito doloroso, como no Parque da Paz em Hiroshima.
Beleza na delicadeza das mulheres andando de roupas tradicionais nos finais de semana. Tantas jovens vestindo cada quimono colorido mais lindo que o outro!
Belezas de muitas formas que conquistaram o meu coração.
Inglês x japonês
Me preparei muito para a viagem, a barreira do idioma era problemática.
Chegando lá, vi que o problema era maior que eu imaginava. Poucos falam inglês, até mesmo em hotéis. Por exemplo, no nosso hotel em Hiroshima os recepcionistas não falavam (isso em um hotel grande, perto da estação de trem).
Por outro lado, os japoneses que falam inglês muitas vezes têm vergonha. Sabe a busca de perfeição japonesa? Pois é, isso existe.
Então o idioma foi uma barreira, mas nada que alguns app’s (vou escrever um post com dica de todos eles) não ajudassem. Sem falar nos santos cardápios com fotos! Salvadores!
A gentileza dos japoneses
Os japoneses possuem uma enorme, imensa gentileza e disposição para ajudar. Mais de uma vez ao perguntar uma informação a pessoa simplesmente deixava o que estava fazendo para nos ajudar!
Em uma dessas vezes, um jovem casal andou uns 15min até deixar a gente no lugar! Disseram que era caminho deles, mas depois vimos que não era…
Em outra oportunidade, um senhor ficou uns 5 minutos tentando encontrar um restaurante para a gente.
São apenas algumas histórias que me emocionam recordar.
A amabilidade no atendimento nas lojas e restaurantes, com sorrisos e delicadezas, mesmo o funcionário sabendo que entendia absolutamente nada do que diziam.
Essa delicadeza foi incrível, me senti acolhida e recepcionada o tempo todo.
Aliás, para entender essa gentileza, leia esse resumo de algumas regras de etiqueta no Japão.
Segurança total
As histórias que contei ali em cima sobre alguém nos ajudar e levar a algum lugar não aconteceriam em outros países. Teríamos medo ou, no mínimo, desconfiança.
Lá nada disso passou pela minha cabeça, exceto o sentimento de que havia uma genuína vontade de ajudar o próximo, sem maldade ou risco.
O Japão é um dos países mais seguros do mundo e, de fato, não senti um momento sequer de preocupação ou medo.
Era comum ver as crianças pequenas andando sozinhas de metrô para ir ao colégio.
Andar à noite pelas ruas de Tóquio foi de uma tranquilidade absurda.
Não seria bom se todo lugar fosse igual?
O respeito ao próximo e à coletividade
Nessa viagem para o Japão aprendi que a sociedade japonesa pensa na coletividade, refletindo no constante respeito ao próximo e respeito às regras.
Um bom retrato disso é a estação de metrô. Apinhada de gente, há sinalização do sentido onde se deve andar no corredor ou nas escadas. Todos respeitam, não há esbarrão. Do mesmo modo o entrar no trem: todos na plataforma esperam em fila, ao lado da porta, as pessoas desembarcarem antes de entrarem.
Outro exemplo?
Não há lixo nas ruas e tampouco lixeiras. As ruas são limpíssimas! Como assim?! Pois é, as pessoas carregam seu próprio lixo para casa, onde o descartam respeitando a regra de coleta seletiva. Limpeza urbana é algo ensinado na escola.
Você se lembra na Copa do Mundo no Brasil os torcedores catando seu lixo após os jogos? Que foi manchete de jornal? Algo tão normal para eles…
O espaço público é de todos, compartilhado.
Pequenas coisas que mostram um senso maior, fazer a sua parte para que todos se beneficiem. Um ótimo exemplo para se inspirar.
Honestidade
Na viagem para o Japão aprendi que esse conceito é muito forte naquele país.
Nas escolas são ensinadas regras básicas de convivência simples e objetivas que fazem com que para o japonês a ideia de pegar algo que não lhe pertence ser impensável.
Para se ter uma ideia, em 2015, o “Achados e Perdidos” da Polícia de Tóquio recebeu R$ 80 milhões de dinheiro perdido. Há um centro de investigação nessa seção para tentar localizar o dono de qualquer pertence, pequeno como um guarda-chuva ou valioso como dinheiro. A filosofia é: devolver porque pode fazer falta para quem perdeu.
Outro hábito que denota isso: quando se recebe o troco em dinheiro não se deve conferir, é considerado grosseiro e ofensivo.
Por aqui vira e mexe lemos histórias sobre dinheiro perdido e recuperado. Não seria bom se esse tipo de evento não precisasse mais ser notícia de jornal?
Veja também:
Os rituais que vi na viagem para o Japão
Eu disse que os japoneses seguem regras objetivas e simples de convivência, não é?
Mas eles são chegados também a um certo formalismo e rituais.
Afinal onde mais temos motorista de ônibus de chapéu e luvinha branca que, antes de começar a viagem, se apresenta aos passageiros e diz que é um prazer atender (bem, essa parte eu suponho, porque entendi nada, mas no final ele ficava se curvando em reverência…)?
Ou quando os funcionários que arrumam o trem antes da viagem se reúnem na plataforma para se curvar e agradecer? Era tão bonito isso! Um sinal de respeito à sociedade e de agradecimento por poder servir.
A cerimônia do chá, as gueixas… são tantos exemplos de uma cultura milenar que tem regras e muitos rituais.
Achei lindo esse aspecto da sociedade japonesa.
O papel da mulher na sociedade
A mulher japonesa é extremamente feminina e delicada. O andar, o sorriso tímido, o comportamento com o companheiro, muitas vezes andando atrás.
Para uma ocidental, que defende a igualdade de gêneros, foi estranho ver a mulher se colocando como mais frágil e submissa em um país de Primeiro Mundo.
Isso tem um motivo: a sociedade japonesa é machista. Muito.
Conversando com uma japonesa (funcionária de uma multinacional) ela me disse que em empresas, grandes ou pequenas, a expectativa em uma reunião de trabalho é que a mulher sirva o café, mesmo estando com homens que ocupem o mesmo cargo. Além disso, só deve expressar sua opinião após a manifestação de seu chefe ou sua opinião deve ser ratificada por ele.
Complicado, não é?
Foram tantas as conquistas feministas (há outras muitas ainda a serem alcançadas) e ver uma sociedade economicamente tão desenvolvida mas com tão poucos avanços nesse aspecto foi desconfortável.
Falta de calor humano em uma viagem para o Japão
Somos um povo latino, gostamos de abraçar, tocar e beijar. No Japão isso não rola.
O contato físico é mínimo. As pessoas não se tocam, você não vê casais andado de mãos dadas, por exemplo.
Aliás, a própria forma de cumprimentar, inclinando a cabeça já denota esse hábito cultural.
Talvez essa falta de contato físico seja uma das inúmeras causas do baixo índice de natalidade (vi pouquíssimas grávidas!) e de que 42% dos jovens entre 18 e 33 anos sejam virgens e 70% dos homens não estejam em um relacionamento.
A ausência de calor humano ao longo das semanas foi criando em mim uma sensação de isolamento. Ver essa frieza de contato ao meu redor (apesar de toda a gentileza de tratamento, que contradição!) era angustiante. Ainda bem que eu tinha minhas amigas para abraçar à vontade!
O silêncio
Algo que chamou demais a minha atenção na viagem para o Japão foi o silêncio. A gigante Tóquio silenciosa na maior parte do tempo.
O metrô silencioso, todos voltados para seus celulares. Aliás, é proibido atender chamadas no trem (há cartazes e nas escolas é ensinado isso para as crianças).
Nas ruas, idem. Pessoas falando baixo, discretíssimas.
Tudo decorrente do respeito ao próximo.
Só de noite, a partir do happy hour, é que se começava a ouvir risadas e conversas mais agitadas. Efeito do saquê.
Não se ouve buzinas. No penúltimo dia de viagem escutei uma buzinada e foi algo tão fora do comum e destoante que doeu os meus ouvidos.
Isso passava uma sensação de tranquilidade e paz, sem dúvidas. Mas, novamente, de isolamento e angústia. Cercada de pessoas e solitária.
Não sei se conseguiria morar em um lugar assim. Tão diferente da cacofonia do Rio de Janeiro!
As máscaras cirúrgicas
Aprendi na viagem para o Japão que um mínimo resfriado é motivo para colocar máscara. Para não espalhar germes.
Isso, obviamente, decorre do respeito à sociedade que comentei lá em cima. Ora, se você está doente não pode transmitir para o próximo. Puro respeito à coletividade que já mencionei.
A poluição e a alergia são outras razões para o seu uso.
Só que existe um outro lado dessa história. O hábito de usar máscara para esconder o rosto, sem outro motivo. É uma triste questão psicológica, em especial nos jovens. Preferem andar de máscara, pura e simplesmente, por timidez, para esconder emoções, para não se destacar ou para disfarçar imperfeições.
Em um primeiro momento isso é estranho, muito estranho. Várias pessoas de máscara ao seu redor! Em todos os lugares! Ainda mais na sakura, época de alergias por conta do pólen. Mas logo você se acostuma.
As crianças em uma viagem para o Japão
As crianças japonesas são adoráveis. Fofiiinhas!
Em nossas andanças víamos muitas crianças (em grupo ou sozinhas) voltando da escola. Em total segurança e, principalmente, respeito dos adultos. Elas têm prioridade para entrar no trem, por exemplo.
Também muito comum ver grupos em passeios escolares, sempre sorrindo e dando tchau para nós turistas.
Ser ocidental, meus cabelos encaracolados e olhos claros despertavam a curiosidade das crianças, especialmente as menores. Foram muitas vezes que fui observada e outras tantas que me perguntaram de onde eu era. Quando dizia “Brasil” a resposta era sempre um sorridente “Ooooh!” rsrs
Jamais esquecerei esses sorrisos e acenos. Essa alegria infantil pura e livre.
Paraíso dos fumantes
O Japão ainda é o paraíso dos fumantes, embora essa realidade esteja mudando. O número de fumantes entre os jovens está diminuindo.
Mesmo assim, fuma-se no Japão. Em vários restaurantes não há área de não-fumantes, por exemplo.
Nos hotéis, é possível haver dificuldade de obter quarto não fumante. Eu tive problemas com duas das minhas reservas, mesmo tendo especificado o pedido nesse sentido.
É comum ver pessoas fumando na rua, embora seja proibido.
Há vários locais públicos com fumódromos, com nas estações de trem.
Conclusão: uma viagem para o Japão…
- São alguns dos inúmeros detalhes que me marcaram nessa inesquecível aventura.
- Um imenso encantamento com o Japão, com uma sociedade avançada em civilidade e respeito ao próximo.
- Ficar apaixonada com o neon de Tóquio. Os lindos cenários naturais e templos em cidades como Tóquio (inesquecível Senso-ji em Asakusa ou o Parque Ueno), Kyoto, Myajima e Nara. A imponência do Monte Fuji. As flores da sakura espalhadas pelas árvores e formando um tapete no chão.
- Ver um mar de pessoas gentis e encantadoras, com um forte sentimento de coletividade, mas ao mesmo tempo solitárias. Aquela expressão “sozinho da multidão” se mostrou bem verdadeira. Algo muito contraditório, não é?
Em resumo, amei minha viagem para o Japão e vou passar todas as dicas e falar sobre os lugares incríveis que conheci nos próximos posts.
Ah! Confira abaixo uma amostrinha de dicas para organizar sua viagem para o Japão.
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Ah! Deixe seus comentários sobre o que achou sobre as minhas impressões sobre uma viagem para o Japão.
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que incrível Lu, de uns tempos pra cá estou louca pra conhecer o Japão, assim que tirar minha cidadania vou visitar esse país incrível! Parabéns pelo post super completo, já salvei nos favoritos!
Obrigada Flávia! bjs
Deve ser uma baita experiência mesmo. Também sou louca pra visitar na época da sakura. Acho muito interessante essas diferenças culturais… Mas o posicionamento da mulher na sociedade ainda me dá nos nervos. A questão do idioma eu acho engraçado… É sempre engraçado tentar se virar num país que ngm fala inglês e não sabemos a língua local kkkk… Mas é ótimo pra aprendermos a nos virar né? 😛
Oi Niki, a parte do idioma era realmente engraçada. As pessoas falando e sorrindo e eu sem entender nada… rsrs bjs
Eu tinha a Grécia como o destino dos meus sonhos, realizei ano passado. O Japão agora assumiu esse lugar, estou planejando com calma uma viagem para o país e lendo seu post fico mais ansiosa ainda em marcar a data. As crianças são uma fofas mesmo, dá vontade de colocar no colo e trazer pra casa :).
Oi Cynara, que bom que o post te animou! A Grécia ainda está na minha lista. bjs
De facto é uma cultura bem diferente…Adoro isso de NÃO atender os telemóveis no metro. Há pessoal que por vezes parece que faz questão que saibamos tudo da vide deles hheeh Mas essencialmente é isso, respeito pelo próximo e pelo colectivo. Top o seu post!
Oi Francisco, concordo com você! Há pessoas que não tem noção.. rsrs. Obrigada pelos elogios. bjs
Visitei o Japão há uns anos, mas o meu plano era ver as cores douradas do Outono! Infelizmente naquele ano o Verão durou um pouco mais, e quando cheguei (no final de Outubro) ainda estava tudo verde, excepto em zonas mais rurais onde vi o verdadeiro dourado do Outono 🙂
Oi Gil, o outono é lindo por lá, não é? Fiquei tão em dúvida se iria para lá nessa época. Deve ter sido lindo! bjs